Bem me Quer, Bem me Quero: O que afeta a mente, transforma o corpo

 

Foto: Divulgação


Tendo em vista que condições mentais raramente são as primeiras queixas dos pacientes nos consultórios, a campanha visa a conscientização de médicos não especialistas

Pelo quinto ano consecutivo, a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA) e a Viatris no Brasil (parte da empresa global Viatris) se unem para a campanha de Setembro Amarelo, “Bem me Quer, Bem me Quero”, levantando discussões fundamentais sobre o cuidado com a saúde mental e, principalmente, sobre o acesso a esse cuidado no Brasil. Este ano, a campanha traz o mote “O que afeta a mente, transforma o corpo”, ressaltando que a ansiedade e a depressão geram repercussões físicas reais, extrapolando os sintomas psíquicos. 

Dados da literatura médica indicam que pacientes com transtornos mentais frequentemente procuram outras especialidades antes de receberem o diagnóstico correto1,2. Um estudo realizado com um banco de dados de operadoras privadas de saúde revelou que, ao longo de quatro anos, foram realizadas uma média de cinco consultas médicas por paciente com ansiedade2 antes de receber o diagnóstico. As principais especialidades consultadas foram: cardiologia, ginecologia, oftalmologia, ortopedia e psiquiatria. Além disso, 86% dos pacientes passaram pelo pronto-socorro. 

O estudo concluiu que a ansiedade raramente é o motivo principal que leva o paciente a buscar atendimento médico, sendo comumente identificada durante a consulta por meio de outras queixas ou comorbidades. Isso porque os sintomas emocionais e psicológicos muitas vezes se manifestam no corpo: dores persistentes, distúrbios do sono, alterações gastrointestinais e cardiovasculares podem ter origem em condições de saúde mental. Porém, nem sempre os profissionais estão capacitados para diagnosticá-las. 

Ao mesmo tempo, o Brasil enfrenta uma escassez de especialistas em saúde mental, com uma média de apenas 6,6 psiquiatras para cada 100 mil pessoas3. “Precisamos romper com a ideia de que saúde mental se restringe ao consultório psiquiátrico. O cuidado integral passa pelo olhar atento de todas as especialidades. Quando um clínico geral, um cardiologista ou um ginecologista escuta seu paciente de forma empática, ele também contribui para a prevenção e o diagnóstico precoce de transtornos mentais”, afirma Neila Campos, presidente da ABRATA. 

Além disso, determinados grupos apresentam maior vulnerabilidade aos transtornos mentais, como mulheres, crianças e adolescentes. Pesquisas apontam que 1 em cada 6 pessoas com transtornos mentais tem entre 10 e 19 anos4, e 7 em cada 10 pessoas com depressão ou ansiedade são mulheres5. Essas estatísticas evidenciam a urgência de ampliar o acesso a cuidados em saúde mental e de capacitar todos os profissionais de saúde para acolher e encaminhar esses pacientes de forma eficaz. 

“Acreditamos que promover saúde de forma integral é, também, promover acesso. E no Brasil de hoje, isso significa incluir o cuidado em saúde mental em todos os níveis de atenção. Essa é a essência da campanha deste ano, que abre uma comunicação para educar e engajar profissionais de saúde”, declara Dra. Elizabeth Bilevicius, Diretora Médica da Viatris no Brasil.  

“Mesmo não sendo a especialidade deles, os médicos podem contribuir para a saúde mental de seus pacientes, por isso queremos convidá-los a estarem mais atentos aos sinais da depressão e da ansiedade. E a sociedade também precisa entender que saúde física e mental estão profundamente interconectadas. Afinal, o entendimento do paciente sobre o seu próprio corpo é essencial no processo de diagnóstico”, complementa Neila. 

Referências 

1.                  Henningsen P., et al. Somatic symptoms in depression. The Lancet Psychiatry, 2003. 

1.                  Matos, MASM, Ogata AJN, Dieckman L, Stefani S, Tung TC, Bilevicius E. The impact of patients with generalized anxiety disorder in the Brazilian Private Healthcare System: a claim database study with expert’s perspective. Bras Econ Saúde, 2023. 

1.                  Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Demografia Médica no Brasil. Brasília, DF, 2025. 

1.                  Organização Pan-Americana de Saúde. Saúde mental dos adolescentes. 2023. 

1.                  Institute for Health Metrics and Evalution (IHME). Global Burden of Disease. 2019. 

 

 


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