Imigração: 'Precisava dar um futuro melhor para as minhas filhas', diz venezuelano que virou líder em uma das maiores empresas da América Latina

 

Foto: Divulgação


O venezuelano Jioscarlos Colina Martinez viu no Brasil e no aquecido mercado de trabalho catarinense a chance de reconstruir a vida. Ele faz parte de um grupo de mais de 70 profissionais imigrantes contratados pela Fibrafort, que investe em programas de inclusão para dar suporte às famílias, às organizações e também para combater a escassez de mão de obra qualificada na indústria náutica brasileira.

Novembro, 2025 – O aumento da imigração no Brasil tem gerado transformações no mercado de trabalho. Com a chegada de mais de 72 mil pessoas nos últimos anos, o estado de Santa Catarina se tornou um celeiro de oportunidades de programas de inclusão que visam integrar essa força em setores com alta demanda. Um dos maiores estaleiros da América Latina, a Fibrafort, com presença global e matriz em Itajaí, já contratou 71 profissionais, especialmente vindos da Venezuela e Haiti, por meio de parcerias com organizações como a AVSI Brasil.

O programa oferece suporte na adaptação, e também supre uma necessidade urgente do setor, como explica Danilo Fontana, diretor de operações da Fibrafort: “Setores como o náutico, onde mais de 80% dos processos são manuais, exige muita mão de obra dedicada. Recrutamos esses profissionais ao oferecer uma oportunidade de trabalho, com o compromisso de apoiá-los. Essa tem sido uma via de mão dupla muito positiva, dada a escassez de mão de obra que observamos.”

Foi o caso do venezuelano Jioscarlos Josue Colina Martinez, de 29 anos, que chegou a Itajaí em novembro de 2021 acompanhado de sua esposa e filhas. Ele relata que trabalhava como pintor ao lado de seu pai, mas sem um salário fixo. "Lá, as pessoas geralmente trabalham por diária, não há empresas como existe aqui. Decidi buscar o programa de apoio a imigrantes porque a situação estava muito difícil lá fora. Minha esposa estava grávida e precisava garantir um futuro melhor para minhas filhas", revela com emoção.

Sua chegada ao Brasil se deu por meio do programa AVSI Brasil, com sede em Boa Vista, Roraima, junto a outras famílias refugiadas. Lá, ele recebeu apoio, teve acesso a cursos e aulas de português. Sua dedicação chamou a atenção dos recrutadores e, dessa forma, foi indicado para a Fibrafort em Santa Catarina.

"Nunca tinha visto um barco na minha vida. Passei noites estudando sobre a marca e seus produtos. Quando fui para a entrevista, todos ficaram surpresos, pois eu já sabia tudo sobre a Fibrafort", conta Jioscarlos.

Jioscarlos iniciou como auxiliar de produção, mas a sua proatividade e foco o levaram rapidamente a progredir. Hoje, ele está em treinamento para se tornar líder de um setor da fábrica. “Como sempre fui muito dedicado, observei atentamente todas as etapas e, com o tempo, fui crescendo. Sou extremamente grato por me proporcionarem a oportunidade de liderar. Hoje, sou um exemplo para outros imigrantes, mostrei que é possível crescer aqui dentro. Tudo depende de determinação e perseverança. Meu objetivo agora é comprar minha casa e garantir um futuro melhor para minha família,” conclui.

Uma nova turma de imigrantes iniciou recentemente o treinamento na fábrica da Fibrafort, como parte do programa de integração da AVSI Brasil. Fundada em 2007, a AVSI Brasil é uma organização sem fins lucrativos que atua em contextos de vulnerabilidade e emergência humanitária. A organização capacita imigrantes e os insere no mercado de trabalho, com intuito de promover o desenvolvimento de suas famílias e comunidades. No último ano, a ONG impactou mais de 923 mil pessoas na realização de 48 projetos. O programa oferece treinamento especializado e suporte contínuo. 

Mais informações: https://www.fibrafort.com.br/pt/

 


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