Asma: respirar não deveria ser um privilégio
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| Foto:Divulgação |
Vaniele Pailczuk
O Dia Nacional
de Controle da Asma, celebrado em 21 de junho, tem um papel essencial: lembrar
que respirar, algo tão básico e vital, ainda é um desafio diário para milhões
de pessoas. A asma, doença inflamatória crônica das vias aéreas, atinge cerca
de 20 milhões de brasileiros, sendo uma das principais causas de internações e
absenteísmo escolar e profissional no país. Apesar disso, ainda é amplamente
negligenciada.
A asma não tem
cura, mas pode e deve ser controlada. No entanto, o que vemos é um cenário em
que o diagnóstico é tardio, o tratamento é irregular e o acesso a medicamentos
é desigual. Muitos pacientes só buscam ajuda durante as crises, quando já estão
em sofrimento agudo, o que poderia ser evitado com acompanhamento adequado.
Isso se torna ainda mais grave entre crianças, idosos e populações em situação
de vulnerabilidade, que têm mais dificuldade em acessar serviços de saúde e
compreender os cuidados de longo prazo.
A desinformação
é outro fator que agrava o problema. Ainda há quem acredite que a asma é “coisa
de criança” ou que o uso contínuo de medicamentos inalatórios vicia. Esses
mitos atrasam o início do tratamento e colocam vidas em risco. O uso correto da
medicação de controle, orientado por profissionais, é a chave para garantir
qualidade de vida e prevenir crises graves e internações.
O SUS oferece
medicação gratuita para o controle da asma por meio do Programa Farmácia
Popular, mas de pouco adianta oferecer remédios sem políticas públicas que
garantam educação em saúde, capacitação de profissionais e acompanhamento
contínuo dos pacientes. O cuidado com a asma precisa ser descentralizado, com
ações que cheguem à atenção básica e que dialoguem com escolas, famílias e
comunidades.
Mais do que um
problema de saúde, a asma é uma questão de justiça social. Respirar não deveria
ser um privilégio de quem tem acesso fácil a um pneumologista, a um inalador ou
a um ambiente com ar limpo. A asma nos desafia a pensar políticas públicas
sustentáveis, sistemas de saúde acessíveis e uma sociedade mais empática com
quem vive com condições crônicas.
Nesta data,
precisamos reforçar o compromisso com o controle da asma. Isso significa
investir em prevenção, ampliar o acesso ao diagnóstico precoce, combater os
estigmas e, principalmente, ouvir os pacientes. Porque garantir a quem tem asma
o direito de respirar com tranquilidade é, também, garantir o direito à vida
com dignidade.
*Vaniele
Pailczuk é enfermeira, especialista em UTI/ Urgência e Emergência, professora e
tutora de cursos de pós-graduação na área da saúde no Centro Universitário
Internacional Uninter.

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