Memorial Brumadinho guarda memória da cidade antes do desastre

 

Foto: Divulgação

O projeto arquitetônico Memorial Brumadinho ganha episódio no CAU Podcast e relembra o processo da construção

Gravado durante a Conferência Internacional CAU 2025, realizada em Brasília, o novo episódio do CAU Podcast - Memorial Brumadinho: Luto, coragem e reconstrução, produzido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), traz um relato profundo sobre arquitetura, memória e reparação, conduzido pelos arquitetos e urbanistas Gustavo Penna e Laura Penna, pai e filha, responsáveis pelo projeto do memorial construído em homenagem às vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho (MG).

Durante o episódio, Gustavo Penna destaca que "o trabalho memorial é um trabalho de escuta reverente, um trabalho de estar junto, de deslocar de você em direção ao outro" e que sintetiza a essência de um projeto que nasceu da dor coletiva e se transformou em espaço de afeto e lembrança. Laura Penna complementa explicando que o memorial foi concebido a partir de um pedido das mulheres da Avabrum, associação formada por familiares das vítimas, e reforça que a maior parte da equipe envolvida também era formada por mulheres.
 

Inspirado nos versos de Adélia Prado - “O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória imperecível” - o espaço foi pensado como lugar de acolhimento, contemplação e transformação. Em sua fala durante a conferência, o público foi convidado a revisitar o processo conceitual do projeto, marcado pela sensibilidade, pela escuta e por um compromisso ético com a memória das 272 vidas perdidas.

 

Projetado pelo escritório Gustavo Penna Arquitetos Associados, o Memorial Brumadinho foi inaugurado em janeiro de 2025 e já se tornou referência internacional. O projeto de iluminação, assinado por Mariana Novaes (Atiaîa Lighting Design), recebeu o prêmio Architectural Lighting Design of the Year 2025, concedido pelo LIT Lighting Design Awards, e será entregue oficialmente na Europa em 2026.
 

O memorial reúne elementos simbólicos que transformam a experiência do visitante: um poema tatuado no espaço, um aglomerado de cristais, um bosque com 272 ipês plantados, e no espelho d’água, 272 estrelas projetadas em fibra ótica, memória viva e brilhante de cada vítima.
 

Laura Penna relembra que o processo foi intenso, delicado e marcado pela pandemia: "a mediação com os familiares, a mediação com o momento de como viabilizar essa ideia precisou de um tempo maior, e a gente precisou frear a nossa ansiedade, entendendo que as coisas tinham um tempo de amadurecimento". Um trabalho feito com presença e respeito, para que a arquitetura pudesse acolher o que a memória guarda e o que o Brasil não pode esquecer.
 

O episódio completo está disponível no CAU Podcast e marca um capítulo importante na agenda pública sobre memória, cuidado e responsabilidade no fazer arquitetônico.

Link para a transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=a5i4-j4CY44 

 


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