Mostra Ecofalante de Cinema exibe 37 filmes em Brasília
Festival será realizado de forma gratuita no Cine Brasília e na UnB
* evento acontece de 5 a 15 de setembro
Entre os dias 5 e
15 de setembro, a cidade de Brasília receberá a itinerância da 12ª edição da
Mostra Ecofalante de Cinema, considerada como o mais importante evento
audiovisual da América do Sul dedicado às temáticas socioambientais.
Totalmente gratuita,
a programação contará com a exibição de 37 filmes, incluindo obras premiadas em
festivais nacionais e internacionais, destaques da edição mais recente da
Mostra Ecofalante em São Paulo e sessões para o público infanto-juvenil. Também
integram o evento debates sobre questões contemporâneas urgentes, o lançamento
da 12ª Mostra Nacional de Produção Audiovisual Independente do Circuito Tela
Verde em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, a abertura da Semana do
Cerrado do Distrito Federal e o lançamento do relatório "Yamakɨ nɨ ohotaɨ
xoa! (Nós estamos sofrendo ainda)”.
As exibições de
filmes acontecerão no Cine Brasília, entre os dias 5 e 11 de setembro, e nos
anfiteatros 9 e 10 da Universidade de Brasília (UnB), de 11 a 15 de setembro.
Na UnB, nove sessões serão seguidas por debates com ativistas, especialistas e
outros convidados especiais, entre eles Alexandre Strapasson, Beka Munduruku,
José Geraldo Júnior, Marcos Sorrentino, Maurício Angelo e Suely Araújo.
A cerimônia de
abertura do evento será realizada no Cine Brasília na terça-feira (05/09), a
partir das 19h. Na ocasião, será exibido o filme “Escute: A
Terra foi Rasgada”, de Cassandra Mello e Fred Rahal, seguido
por um debate com as lideranças indígenas Davi Kopenawa, Maial Kayapó e Julio
Ye'kwana. O documentário, que teve sua estreia mundial na 12ª Mostra
Ecofalante, realizada em São Paulo no mês de junho, retrata uma aliança
histórica entre três povos indígenas pela defesa de seus territórios, frente à
destruição causada pelo garimpo.
A programação
completa da Mostra Ecofalante em Brasília será divulgada em breve no site ecofalante.org.br/programacao.
Destaques da
programação
Além do filme de
abertura, outros dois títulos que tiveram sua estreia mundial na edição mais
recente da Mostra Ecofalante estarão na programação de Brasília. “Cinzas da
Floresta”,
de André D'Elia, mostra a importância das brigadas voluntárias de combate a
incêndios florestais no Brasil no contexto de mudanças climáticas e descontrole
dos incêndios na Amazônia. “Parceiros da Floresta”, de Fred
Rahal, traz uma nova visão de economia florestal sustentável e inclusiva como
estratégia para mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
A luta dos povos
indígenas tem forte presença nos filmes da programação. “A Invenção
do Outro”,
de Bruno Jorge, vencedor dos prêmios de júri e de público na 12ª Mostra
Ecofalante, retrata a maior expedição das últimas décadas na Amazônia realizada
pela Funai para tentar encontrar e estabelecer o primeiro contato com um grupo
de indígenas isolados da etnia dos Korubos, em estado de vulnerabilidade. “Amazônia,
A Nova Minamata?”,
obra mais recente do cineasta Jorge Bodanzky, acompanha a saga do povo
Munduruku para conter o impacto destrutivo do garimpo de ouro em seu território
ancestral, enquanto revela como a doença de Minamata, decorrente da
contaminação por mercúrio, ameaça os habitantes de toda a Amazônia hoje. Por
sua vez, “Vento
na Fronteira”,
de Laura Faerman e Marina Weis, acompanha a luta do povo Guarani-Kaiowá pelas
suas terras, na região do Mato Grosso do Sul, que são objeto de disputa de
grandes proprietários rurais.
Questões
raciais também estão presentes em diversos filmes do evento. “Exu e o
Universo”,
de Thiago Zanato, foi escolhido como o melhor filme da Competição
Latino-Americana pelo público da 12ª Mostra Ecofalante e também premiado no
Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo. Neste longa-metragem,
um professor nigeriano e sua comunidade lutam para provar que seu deus Exu não
é o diabo, frente aos ataques à liberdade de culto e ao racismo sistêmico no
Brasil. Parte do panorama histórico desta edição da Mostra, o documentário “I Heard it
Through the Grapevine”, dirigido por Dick Fontaine e estrelado por
James Baldwin, acompanha uma viagem do escritor pelos Estados Unidos, ao mesmo
tempo em que faz um balanço das lutas pelos direitos civis e melhora das
condições de vida das comunidades negras em seu país.
Filmes
internacionais recentes também compõem a programação da Mostra em Brasília. Um
dos destaques é “Filhos do Katrina”, de
Edward Buckles Jr., que foi premiado como diretor revelação no prestigioso
Festival de Tribeca. Neste documentário, ele discute a questão do racismo
ambiental ao dar voz a jovens expulsos de suas casas pelo Furacão Katrina e
abandonados pelo governo. “Nação Lakota Contra os EUA”, de
Jesse Short Bull e Laura Tomaselli, narra a jornada dos indígenas Lakota para
recuperar Black Hills, terra sagrada que foi tomada à força pelo governo
norte-americano apesar da existência de tratados que garantiam a eles a posse
desta terra. Com passagens pelos festivais de Locarno, IDFA-Amsterdã e CPH:DOX,
“O
Cuidado em Tempos Impiedosos”, de Susanna Helke, trata de uma crescente e
preocupante situação na Finlândia: o progressivo envelhecimento da sociedade
diante do sistema de saúde do país. Privatizado segundo um modelo de receita
capitalista, esse sistema não consegue suportar o crescimento de idosos necessitados.
A economia entra em
pauta em filmes como “Amor e Luta em Tempos de Capitalismo”, exibido
no CPH:DOX e no Festival de Documentários DMZ, com direção de Basile
Carré-Agostini. Nesta produção francesa, o casal midiático formado pelos
sociólogos Monique Pinçon-Charlot e Michel Pinçon, conhecido por suas pesquisas
de mais de cinco décadas sobre os ultra-ricos, é retratado no auge do movimento
dos Coletes Amarelos. “A Máquina do Petróleo”, filme
britânico de Emma Davies, toma o exemplo da óleo-dependência do Reino Unido
para falar sobre como as principais economias contemporâneas – principalmente
no hemisfério norte – se apoiam em boa parte sobre a indústria do petróleo.
Sobrinha-neta de Walt Disney e herdeira da The Walt Disney Company, Abigail
Disney é documentarista e ativista social. Em “O Sonho
Americano e Outros Contos de Fadas”, codirigido por Kathleen Hughes, ela aborda
a profunda crise de desigualdade nos Estados Unidos, usando o legado de sua
família como um estudo de caso para explorar criticamente a intersecção entre
racismo, poder corporativo e o sonho americano.
O evento conta ainda
com curtas-metragens que receberam prêmios de júri e de público na 12ª Mostra
Ecofalante: “Quem
de Direito”,
de Ana Galizia, que mostra a organização popular pelo acesso à terra no
território do vale do Guapiaçu (Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro) e as
mobilizações recentes contra um projeto de barragem na região; “A Febre da
Mata”,
de Takumã Kuikuro, uma denúncia contra as queimadas na Amazônia; e “Paulo Galo:
Mil faces de um homem leal”, de Iuri Salles e Felipe Larozza, um retrato
do ativista que ganhou destaque com o movimento dos entregadores antifascistas.
Para o público
infanto-juvenil, a Mostra exibe três animações, incluindo uma produção nacional
e duas francesas. “Meu Nome é Maalum”, de
Luísa Copetti, conta a história de uma menina negra brasileira que enfrenta os
desafios de uma sociedade racista e, com a ajuda de sua família, transforma a
tristeza em orgulho por sua ancestralidade. Em “Vanille”, de
Guillaume Lorrin, uma pequena parisiense embarca numa aventura cheia de
mistérios em Guadalupe e faz as pazes com suas origens. Já “A Viagem
do Príncipe”,
dirigida por Jean-François Laguionie e Xavier Picard, mostra as aventuras e os
preconceitos enfrentados por um príncipe numa terra estrangeira, de cultura e
hábitos diferentes e que se construiu em oposição à natureza.
Lançamento do
Circuito Tela Verde e Semana do Cerrado
Nos dias 11 e 12 de
setembro, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) realiza, em
parceria com a Mostra Ecofalante de Cinema, o lançamento da 12ª Mostra Nacional
de Produção Audiovisual Independente do Circuito Tela Verde, que será celebrado
em dois eventos.
Na segunda-feira, dia 11, a cerimônia acontece em conjunto
com a abertura da Semana do Cerrado do Distrito Federal, a partir de uma
parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, a Secretaria
de Estado do Meio Ambiente e Proteção Animal do Distrito Federal, a Secretaria
de Estado de Educação do Distrito Federal, o Instituto Brasília Ambiental e a
OSC Ecofalante.
Com início às 8h30
no Auditório Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), este evento
objetiva celebrar, exaltar e problematizar a nossa relação sustentável e
solidária com o Cerrado. Participarão desta ação os estudantes da Rede Pública
de Ensino do Distrito Federal, vinculados ao Programa Parque Educador, além dos
professores, das equipes técnicas e das autoridades dos órgãos e instituições
parceiras. Na ocasião, a Mostra Ecofalante exibirá o curta-metragem “Cerrado de
Volta: A Restauração na Chapada dos Veadeiros”. Dirigido por Cleisyane Quintino, o filme
retrata moradores da Chapada dos Veadeiros e pesquisadores que se empenham na
restauração de áreas degradadas por pastagens e incêndios.
Na terça-feira, dia
12, a cerimônia acontecerá a partir das 16h no anfiteatro 9 da UnB, e contará
com a exibição do curta-metragem “O Canto do Rio” e do
longa-metragem “Lavra”. “O Canto do
Rio”,
uma produção de estudantes da Graduação em Ciências Biológicas em parceria com
o Instituto de Geografia, ambos da UFRJ, é uma narrativa poética sobre as águas
do rio Macaé (RJ). Já “Lavra”, documentário híbrido dirigido por Lucas
Bambozzi, investiga as consequências do maior crime ambiental do Brasil: o
rompimento da Barragem do Fundão na cidade de Mariana, em 2015.
O Circuito Tela
Verde (CTV) é uma iniciativa do Departamento de Educação e Cidadania Ambiental,
da Secretaria Executiva do MMA, e tem por objetivo discutir desafios e
propostas para as questões socioambientais do país, bem como divulgar e
estimular atividades de Educação Ambiental por meio da linguagem audiovisual,
contribuindo com a construção de valores culturais voltados à sustentabilidade.
Para esta edição,
foram selecionados 29 vídeos que abordam temáticas variadas, como: Produção e
Consumo; Povos e Comunidades Tradicionais; Educação Ambiental e Cidadania;
Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis; Agrotóxicos e Saúde. As
exibições serão acompanhadas de discussões, com vistas a promover entre os
espectadores o conhecimento da realidade nacional e das diversidades regionais,
além da reflexão e aprofundamento de conteúdos apresentados nos vídeos,
motivando análises e intervenções na realidade socioambiental local.
Lançamento do
relatório "Yamakɨ nɨ ohotaɨ xoa! (Nós estamos sofrendo ainda)”
Integra também a
programação da Mostra Ecofalante em Brasília o lançamento do relatório
"Yamakɨ nɨ ohotaɨ xoa! (Nós estamos sofrendo ainda): um balanço dos
primeiros meses da emergência Yanomami", em parceria com o Instituto
Socioambiental (ISA), que acontecerá no dia 12 de setembro (terça-feira), às
18h30, no Anfiteatro 9 da UnB (Campus Darcy Ribeiro - ICC Sul), antecedendo a
sessão do filme “Escute: A Terra Foi Rasgada”, com início às 19h.
Seis meses após o
governo federal decretar Emergência em Saúde Pública de Importância
Nacional (Espin) na Terra Indígena Yanomami, a devastação da floresta começa a
desacelerar, mas os Yanomami e Ye’kwana seguem sofrendo com os efeitos do
garimpo ilegal em seu território, conforme o alerta de um indígena do Papiú
incluído no relatório.
Lançado por três
organizações indígenas – Hutukara Associação Yanomami (HAY), Associação
Wanasseduume Ye'kwana (SEDUUME), e Urihi Associação Yanomami –, o documento usa
dados e relatos dos indígenas para fazer um balanço das ações nos últimos seis
meses, ressaltando o que vem dando certo e também expondo falhas nas ações,
como a ausência de uma coordenação do governo federal e problemas nas áreas de
saúde, proteção territorial, desintrusão e segurança alimentar. Ao final, o
relatório propõe um caminho de diálogo com as comunidades e associações e
conclui com uma série de propostas para fortalecer a proteção territorial e
aprimorar os planos de recuperação sanitária das regiões mais afetadas.
O documento pode ser
acessado na íntegra aqui.
Apoio educacional
Na UnB (Campus Darcy
Ribeiro), a Mostra Ecofalante de Cinema – Brasília 2023 conta com o apoio e
suporte do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) e com a presença de
docentes e discentes da universidade ajudando na produção e organização da
Mostra. Serão realizadas dez sessões e nove delas seguidas de debates nos
Anfiteatros 9 e 10, localizados no Instituto Central de Ciências (ICC Sul) -
Asa Norte.
Ainda sobre as
atividades em conjunto com o CDS, merece também destaque o projeto de extensão
em parceria com a Ecofalante e o Centro Acadêmico de Ciências Ambientais da
Universidade de Brasília – CAAMB. Existente desde 2021, o projeto tem como
objetivo exibir mensalmente um filme da Ecofalante Play – plataforma de
streaming educacional gratuita da Ecofalante – e realizar discussões a partir
dele com a comunidade interna e externa da universidade.
Realização
A itinerância da
Mostra Ecofalante de Cinema em Brasília é viabilizada por meio da Lei de
Incentivo à Cultura. O evento tem patrocínio da Taesa e da BASF e apoio da
Drogasil e IHS. Tem apoio institucional do Cine Brasília, do Centro de
Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília, da Embaixada da França
no Brasil, do Programa Ecofalante Universidades e do Ministério do Meio
Ambiente e Mudança do Clima. A produção é da Doc & Outras Coisas e a
coprodução é da Química Cultural. A realização é da Ecofalante e do Ministério
da Cultura.
Serviço
Mostra Ecofalante de
Cinema - Itinerância Brasília
5 a 15 de setembro
programação gratuita
Cine Brasília
Asa Sul Entrequadra Sul 106/107
Universidade de Brasília (Unb) - Anfiteatros 9
e 10
Campus Universitário Darcy Ribeiro ICC Sul - Asa Norte
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