PLURAL – Música e Diversidade
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| Getúlio Abelha. Foto: Sillas h |
Cinco dias de música, debates,
oficina, feira, palestras e mostra de artes visuais
No centro da Capital Federal, o Eixo Cultural Ibero-americano, entre os
dias 14 e 18 de setembro, terá suas áreas ocupadas para abrigar as diferentes
ações do Festival, que chega à terceira edição. As duas anteriores, em 2020 e
21, foram online em razão das restrições impostas pela Pandemia de Covid-19.
Para a estreia presencial de PLURAL – Música e Diversidade a
curadoria privilegiou atrações musicais locais, sem deixar de convidar artistas
com trajetória nacional já consolidada como Alice Caymmi (RJ), trazendo o show do seu
mais recente álbum essencialmente autoral “Imaculada”, Linn da Quebrada (SP), com
sua música feita para pensar e dançar, e a força e identidade plural de Majur (BA), enquanto canta o amor com o
suingue do afro-pop.
Além de nomes que vêm conquistando destaque como Potyguara Bardo (RN), que vai apresentar
seus hits e lançamentos, e Getúlio Abelha (CE), com seu forró
eletrônico pautado numa sonoridade plural e pop, com atitude punk. E as
promessas Mascucetas (MG), mostrando um repertório
que narra as diversidades das identidades sexuais e de gênero, e Mulamba (SP), de trabalho refinado
que mostra estéticas musicais diversas.
Nesta linha curatorial, a edição de PLURAL deste ano, selecionou
artistas que contam um trecho da história da nossa cultura atual. Para tanto,
os gêneros vão “desde os mais atuais como Funk, Rap, Eletrônico, House, Hip Hop
e Piseiro, até os populares Rock, MPB, Samba, Chorinho, POP, Soul Music e RnB”,
destaca Yuri Rocha, diretor artístico do Festival.
Entre artistas do Distrito Federal, que sobem ao palco montado na
área externa do Eixo Cultural dias 17 e 18 de setembro, estão o samba de Fernanda Jacob, as composições sensíveis entre
melodia e palavra de Letícia Fialho, a fusão
entre o rap e variadas linguagens da música brasileira de Thabata Lorena, e as composições autorais
de Asú que abarcam o
cotidiano da cidade.
Ainda representando a cena local, Puta Romântica, cujo trabalho celebra sua
existência de mulher travesti, Flor Furacão, travesti que compartilha sua
arte emoldurada pelo Forró Jazz, Saraní, que funde
lirismo da MPB com percussão afro, Maria e o Vento, de MPB
autêntica acrescida de uma batida forte, Aurora Vênus, que transita entre o
rock, o atual neotropicalíssimo e o psicodélico, e Medro, autora de Música Travesti Brasileira
(MTB), na qual se embrenha em gêneros musicais como o Baião, o Repente, além do
RAP e o BoomBap. Os ingressos, a preços populares, estão à venda pelo Furando a Fila.
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| Majur. Foto: Divulgação |
Por ser um espaço de reconhecimento, empoderamento e protagonismo
LGBTQIAPN+ que faz da diversidade a bandeira e a razão de ser em seu conjunto,
“ancoramos a programação musical, inclusive, com artistas engajados e engajadas
com os discursos e conclusões da atualidade sobre como combater a violência e
discutir com a sociedade sobre os valores básicos de igualdade”, aponta Yuri.
PLURAL prioriza, para atuar na
realização do Festival, a contratação de pessoas LGBTQIAPN+, mulheres, pessoas
pretas e da periferia. “Buscamos possibilitar locais de fala e de vida para
corpos e corpas periféricas e dissidentes do DF, com isso, sensibilizar pessoas
na luta contra a LGBTQIAPN+fobia e em favor da liberdade de crença, do sexo e
do gênero”, afirma o diretor.
Na edição de 2020, ao longo das mais de 12 horas de transmissão, o
festival promoveu 26 atividades e contou com a apresentação de sete artistas. O
segundo PLURAL, em 2021, cresceu com a participação de 45 artistas que
preencheram as mais de 16 horas de festival. Ambas as edições ainda podem ser
conferidas no canal oficial do evento em www.youtube.com/c/FestivalPlural.
A programação desta 3ª Edição tem início no dia 14 de setembro,
quarta-feira, com palestras acerca de temas como políticas públicas para a
comunidade LGBTQIAPN+, que ocorrerão na Sala Cassia Eller, mesma sala na qual
será ministrada a oficina de artes visuais; já na Galeria Fayga Ostrower ficará
em cartaz uma mostra de artes visuais; na área externa do Eixo Cultural, mesmo
local dos shows, vai rolar a Feira da Diversidade; e as Batalhas de Rima
ocorrerão na Galeria Marquise.
Com curadoria da Galeria A Pilastra, a mostra coletiva de
artes visuais tem como linha a diversidade de corpos que pensam a arte como
nascente de ações políticas e sociais efetivas, que buscam a discussão de
assuntos que se espalham por pensamentos e fazeres pertinentes à vivência LGBTQIAPN+,
negritude, brasilidade e transgressão. A Pilastra mantém um trabalho de base
com jovens artistas, curadoras e arte experimental em Brasília, em especial
atenção à descentralização.
Com coordenação da Galeria, será ministrada a Oficina de
Corpas – Multiarte, de 9hs de duração. Na vivência, será abordada a
introdução à performance dentro de um contexto histórico, quando serão
discutidos temas como A performance no Brasil e América Latina, por uma ótica
decolonial; Introdução à consciência e experimentação corporal; e Práticas de
desenvolvimento e experimentação do corpo. Inscrições e mais informações
em festivalplural.com.br.
Na Feira da Diversidade, dias de shows, 17 e 18/09, além de
produtos de empreendedores e artistas locais, o público terá acesso à serviços.
A proposta é criar um ambiente de troca de conhecimento e experiências, e venda
de produtos artesanais com vistas à geração de renda para profissionais jovens
e em início de carreira.
Na Galeria Marquise do Eixo Cultural Ibero-americano acontecem, na noite
do dia 16, sexta-feira, a partir das 20h, as Batalhas de Rima LGBTQIAPN+,
a primeira do Festival PLURAL. O intuito é firmar a cultura urbana
enquanto emancipadora de diferentes corpos. As batalhas têm apoio do Duelo
Nacional de MCs e do Coletivo Família de Rua. Os três primeiros lugares vão
receber prêmios que somam R$1.500.
Abrindo a programação da 3ª Edição de PLURAL – Música e Diversidade, dias 14 e 15/09 na Sala Cássia Eller, um painel composto de três palestras com a fala de ativistas de Brasília, São Paulo e Santa Catarina. Tatiana Nascimento (DF), doutora em estudos da tradução e ativista lésbica negra, cuja pesquisa é fundamentada em educação feminista antirracista, vai debater “A Dança das cadeiras: O privilégio branco na dissidência sexual / de gênero”. Sua atuação já impactou mais de 3000 pessoas no Brasil e no exterior.
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| Potyguara. Foto: Divulgação |
Geni Núñes (SC), ativista
indígena com doutorado em Ciências Humanas, Ruan Italo Guajajara (DF),
geógrafo, pela UnB, e compõe o programa de Mestrado mapeando a Espacialidade do
HIV/AIDS no DF, e Fêtxawewe Tapuya Guajajara (DF), graduando em Ciências
Sociais, pela UnB, e liderança indígena do Santuário dos Pajés, irão debater a
“Não monogamia, descatequização e descolonização do pensamento”. Neste
bate-papo, serão discutidas as semelhanças entre as vivências de
ancestralidades e das famílias que são construídas dentro da cultura
ballroom/vogue, novo formato de família escolhido a partir das vulnerabilidades
e potenciais.
O
terceiro encontro terá como tema: “Arte urbana, o RAP e a cultura
LGBTQIAPN+”, e será apresentado por DJ Tayan (SP), pessoa Trans masculina
Não-Binária que traz consigo um repertório diverso com grandes influências de
artistas pretos LGBTQIAPN+, WinniT (SP), homem trans considerado o maior MC de
São Paulo, e Layó (DF), cria da Ceilândia, arte-educadora e autora do livro
Cartas para NegraLua, com poesias de amor entre pretas.
O Festival conta com fomento de R$ 920 mil, captados via FAC - Fundo de
Apoio à Cultura do DF nos Editais Multicultural 1 e 2 de 2021. Com este
montante, serão gerados 220 empregos, entre diretos e indiretos de
profissionais da cultura e de outras áreas, sendo 80 pessoas de fora do DF o
que aquece, inclusive, o setor do turismo.
Ainda sobre este aporte financeiro, estudo de 2021 realizado pela
Fundação Getúlio Vargas levantou que cada real investido em cultura gera R$
1,67, ao envolver atividades paralelas como transporte, turismo, setor
alimentício e finanças. “Com isso, a realização desta edição do Festival PLURAL
vai injetar cerca de 1,4 milhão de reais na economia local”, aponta Yuri."
Atrações musicais:
Alice Caymmi desembarca trazendo o novo show do seu mais recente lançamento “Imaculada”, quinto álbum da carreira da
artista. No show, Alice se mostra a frente do tempo e principalmente por isso,
a mais interessante continuidade do legado de Dorival Caymmi para a música
contemporânea. No repertório, essencialmente autoral, as canções Todas
as noites (Alice Caymmi e Vivian Kuczynski), Dentro da minha
cabeça (Alice Caymmi), Sentimentos (Alice Caymmi e DJ
Mulú), Recíproco (Alice Caymmi, Junior Fernandes e Zebu),
e Confidente (Alice Caymmi e Zebu).
Linn da Quebrada. Foi na música que a artista
multimídia brasileira despontou em 2016 com a faixa “Enviadescer”. De lá para
cá, desenvolveu seu processo criativo musical explorando seu corpo através da
palavra. No festival, a artista vai apresentar versões atualizadas do seu
primeiro disco, Pajubá, de 2017, quando criou linguagem própria com sua música
feita para pensar e dançar. Em seu mais recente álbum Trava Línguas, de 2021, o
segundo da sua carreira, Linn rompe com os timbres reproduzidos até então,
renovando-os a partir de novas referências e experimentações, e o público vai
poder conferir a potência de I míssil.
Estreando em Brasília, Getúlio Abelha, natural de Teresina
(PI), hoje radicado em Fortaleza (CE), furou a bolha da cena musical local e
despontou com seu forró eletrônico, pautado numa sonoridade plural e pop, com
atitude punk. Durante a Pandemia, finalizou seu primeiro álbum autoral,
intitulado Marmota. Lançado em junho de 2021, pelo selo Rec-Beat, o CD contém
doze faixas. Deste álbum, foram lançados videoclipes das faixas Sinal Fechado, Perigo e Tapuru.
Inspirada em James Brown, Tim Maia e Fat Family, Majur faz
uma MPB contemporânea com toques alternativos, que mistura soul, manipulação
tecnológica e claves de matrizes africanas para falar de amor, do cotidiano e
de si mesma. Apontada como a nova geração da cena musical brasileira, a baiana
vai apresentar toda a diversidade de seu trabalho na apresentação que preparou
para o Festival. Sua música reforça a identidade plural, enquanto canta o amor
com o suingue do afro-pop celebrando os encontros.
Para Mascucetas, “será um prazer cruzar nossas linhas e
nossos caminhos com a produção do Festival PLURAL e pisar com máximo respeito
em terras brasilienses pela 1ª vez”, dizem com tom de gratidão. No repertório
do show, músicas autorais e releituras de grandes obras da música popular
brasileira, narrando as diversidades das identidades sexuais e de gênero, de
forma lúdica, divertida e responsável.
Nome emergente da nova MPB, a Mulamba atravessa
diferentes territórios em sua criação. Desde críticas ácidas até poéticas. Com
performance impactante, já ocuparam festivais independentes. Atualmente baseada
em São Paulo (SP), no PLURAL a banda vai apresentar canções do novo
lançamento Será Só Aos Ares, um trabalho refinado que mostra
estéticas musicais diversas e simboliza sua imensidão artística.
Potyguara Bardo é de Natal, cidade onde iniciou
sua carreira e ganhou notoriedade por seu engajamento político e artístico. Em
seu álbum de estreia, Simulacre, de 2018, flerta com a interpretação da
realidade do ouvinte. No ano seguinte, lançou Ribuliço em parceria com Omulu e Hit
do Carnaval com Cyberkills e Kaya Conky. Em 2020 veio o single Curupira. No
show montado para o Festival, a artista vai apresentar seus hits, que fazem
todas, todos e todes cantarem, além de lançamentos.
Fernanda Jacob é atriz, cantora, diretora,
dramaturga e diretora musical. Idealizou o projeto “Samba na Rua” e da
companhia teatral “Embaraça”, grupo com foco em narrativas raciais.
Recentemente protagonizou o musical “Dona Ivone Lara – Um Sorriso Negro”, do
qual foi indicada ao prêmio Bibi Ferreira na categoria “Melhor atriz em
musicais”.
Thabata Lorena faz a fusão entre o rap e
variadas linguagens da música brasileira, com sua voz forte e marcante a
imperatrizense radicada em Brasília é referência por sua multiplicidade
artística. Em seu show, leva o espectador a experiências sensoriais que vão do
sagrado ao profano. Atualmente, a cantora cria e inspira o projeto Dona
Imperatriz que fomenta o percurso de mulheres na profissionalização do Rap, Hip
Hop, funk e cultura urbana do DF no mercado fonográfico.
Letícia Fialho é compositora, cantora e
instrumentista brasiliense. Descendente de família carioca, tem em suas raízes
a vivência quente da zona oeste do Rio de Janeiro, a cultura negra e o carnaval
de rua como imagens que pairam e colorem a atmosfera de suas composições.
Letícia transporta para suas canções um passeio por variados ritmos, unidos por
uma composição que surge de urgências pessoais. A artista, de trajetória
consistente com quatro álbuns lançados, compõe a partir de uma sensível relação
entre melodia e palavra.
Medro é filha de pernambucana com
piauiense, nascida em Taguatinga e criada em Sobradinho. Multiartista e
arte-educadora é também produtora cultural, integrante e uma das fundadoras do
Culto das Malditas, coletivo majoritariamente travesti, negro, periférico e
banda performativa. Atualmente, está na produção de seu primeiro álbum Música
Travesti Brasileira (MTB). Em MTB, se embrenha em gêneros musicais como o
Baião, o Repente, além do RAP e o BoomBap, presentes nos movimentos Hip Hop e
Ballroom, dos quais faz parte e tem como mote principal sua vivência enquanto
corpa dissidente e (r)existente.
Flor Furacão é cantora, compositora,
pianista, arte educadora e produtora musical. Traz no seu trabalho autoral - “O
Forró Jazz do Cerrado", um conjunto de poesias dançantes leves e
divertidas. Com ritmos que vão da embolada do Forró ao requinte e pluralidade
do Jazz, suas canções são autorais e em parcerias. Seu corpo travesti narra sua
trajetória e compartilha sua arte emoldurada pelo Forró Jazz.
Asú é cantora e compositora, seu primeiro
trabalho musical de 2019, o EP Mãe de Mim, foi produzido de forma independente.
Desde então, embarca na estrada para levar seu trabalho autoral aos espaços do
DF e entorno. Atualmente, na produção do segundo trabalho, abarca o cotidiano
da cidade e entrelaces das relações nas letras.
Puta Romântica, pseudônimo da multiartista brasiliense
Maria Victória Carballar, é atriz de formação, pesquisa, celebra e homenageia
as confusões de sua existência como mulher travesti através da música, do
teatro e da poesia. Puta acredita que a arte é um registro histórico de um
tempo e de uma cultura, e aplica em seu trabalho a ideia de um livro de
memórias constantemente escrito com as referências que pousam em sua caminhada.
Maria e o Vento é um projeto musical nascido no
ano de 2019 que toma sua forma agora. Maria, Dale e César compõe o projeto com
músicas autorais, guitarra e muito beat, que circunda vários estilos em uma só
música, não se encaixa em nenhuma definição ou nicho. Maria e o Vento é música
brasileira sentida que chega no coração com autenticidade e grave batendo
forte.
Saraní, natural de Brasília, é cantora,
compositora e preparadora vocal. A artista está lançando atualmente, de forma
independente, sua carreira solo com músicas autorais, com o EP Latinidade Afro.
Sua identidade musical trás o lirismo da nova MPB junto à percussão africana, e
elementos da brasilidade latina, como afrobeat, afrohouse, salsa, funk, samba
rock, dentre outros.
Aurora Vênus. Após diferentes projetos, Christian Caffi, Walisson Costa, Yohannan Thomas e Nico Di Sousa formam a banda, nascida em 11 de maio de 2019, no Gama/DF. Inspirados nos discos ressurgidos das décadas de 60/70, transitam entre o rock, o atual neotropicalíssimo e o psicodélico.
Serviço:
Festival PLURAL – Música e
Diversidade
Programação completa disponível em https://festivalplural.com.br/
Local: Eixo Cultural Ibero-americano
De 14 a 18 de setembro de 2022
Ingressos: a preços populares, à venda
pelo Furando a Fila
Classificação indicativa: não recomendado
para menores de 14 anos
Informações: www.instagram.com/festival.plural
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