A Paz Perpétua

Foto: Divulgação

Atores interpretam cachorros que disputam coleira na peça


A Cena Contemporânea acabou e já deixou saudades, quem pode assistir shows e peças teatrais durante a programação soube aproveitar. Peças com diversos temas e magnitude em seus roteiros e atuações. Shows incríveis com entrada de graça onde o público pode se divertir. E para aproveitar o gancho quero falar sobre “A Paz Perpétua”.

O texto foi escrito em 2007 pelo autor espanhol Juan Mayorga, que se diga de passagem uma pessoa intimamente sensível e inteligente. Em uma breve conversa com ele, pude notar sua satisfação por fazer parte da Cena Contemporânea em Brasília. A montagem da peça é brasileira que ganhou tradução e direção por Aderbal Freire Filho para transbordar em cena uma potente metáfora da presente ameaça do terrorismo global sobre a sociedade.

José Loreto, Alex Nader, Kadu Garcia e João Velho. Foto: Michelle Souza

Mayorga protagonizada por cachorros: Odin (João Velho), Emanuel (Kadu Garcia) e John-John (José Loreto), disputam através de um misterioso processo seletivo liderado pelo cão Cassius (Alex Nader) e pelo Humano (Gillray Coutinho), a prestigiada “coleira branca”, que só é dada à elite canina de combate ao antiterrorismo. Do início ao fim o espectador fica fascinado com a disputa e a conversa entre os cachorros.

Juan Moyargan mistura elementos de fábula e teatro e abordam, através de seus cachorros, temas como filosofia, autoridade, política, violência e a questão do terrorismo a partir da perspectiva das suas consequências políticas e morais nas democracias de hoje. De uma forma divertida e comunicativa o elenco consegue fazer com que o público pense em temas atuais e saiam do teatro e questione cada situação.



Há nessa relação interpretativa entre os três atores um destacável trabalho coletivo e de suporte mútuo, com complementaridade não somente nas necessidades de composição de cada personalidade, mas no preenchimento por completo do conteúdo dramaturgo. É impressionante o trabalho corporal de cada um dos atores. Alex Nader a cada entrada consegue se impor em cena pela carga expressiva, excelente determinação vocal e clara o competente trabalho corporal. Gillray Coutinho apresenta uma atuação mais passiva até arrebentar em seus 20 minutos finais, para percebermos a imponência de sua atuação, o transbordar de uma volumosa interpretação.

Tive oportunidade de conversar rapidamente com quatro dos atores sobre a peça e parabenizá-los pela extraordinária interpretação que nos apresentou junto ao texto diversas possibilidades de leitura e adequação aos mais diferentes contextos. Quem tiver oportunidade de assistir a peça aproveite. 


Ficha técnica
Texto: Juan Mayorga
Direção e Tradução: Aderbal Freire-Filho
Elenco: Alex Nader, Gillray Coutinho, João Velho, José Loreto, Kadú Garcia e Manoel Madeira



 

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