desCOLONIZAR CORpos e A Quem Traspassaram
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| Chico Tabibuia |
De gerações
distintas, três artistas negros, Sergio Adriano H, Manuel Messias dos Santos e
Chico Tabibuia, abrem fissuras no sistema de arte e apresentam uma consistente
produção de impacto expressivo
Contemporâneo e de carreira
consolidada, com 31 premiações e obras em relevantes coleções particulares e
presentes em museus de destaque, Sergio Adriano H ocupa as
Galerias Piccola I e II com 30 trabalhos. Questionador, o conjunto problematiza
o que a história apresenta como verdade nos processos vividos pela população
negra no Brasil.
Natural de Joinville (SC) e com
ateliê também em São Paulo, em desCOLONIZAR CORpos Sérgio
conta as histórias apagadas de pessoas pretas. Para tanto, apropria-se de
livros, objetos e imagens onde o povo negro aparece, mas não como agente da
história, e os ressignifica a partir da noção de pertencimento e de
protagonismo.
“Sérgio nos apresenta obras que
tensionam as dualidades e contestam as barbaridades, realiza mapeamentos de
palavras e imagens que permeiam o universo da discriminação e perpetuam os
desacertos entre a história ocultada e a história dada na significação da
sociedade brasileira”, aponta a curadora da exposição Juliana Crispe.
Já na Galeria Vitrine, os curadores
Marcus Lontra e Rafael Fortes trazem à CAIXA Cultural dois importantes artistas
que viveram à margem da sociedade no Brasil do século passado. Em A
Quem Traspassaram, os curadores propõem uma nova escrita da arte
eurocentrada e norte-americanizada, que hierarquiza e classifica produções a
partir de conceitos restritos e de referências internacionais.
O trabalho de ambos os
artistas, Manuel Messias dos Santos (1945-2001), com suas
xilogravuras, e Chico Tabibuia (1936-2007), com esculturas em
madeira, amplia o debate sobre a produção artística brasileira. “Uma vez que
suas trajetórias foram silenciadas pelo racismo estrutural, hierarquização
social e desigualdade econômica”, discutem os curadores.
Autodidata, Chico passou a se
dedicar exclusivamente à arte a partir dos 40 anos de idade e sua inspiração
orbitava entre a vivência em um Centro de Umbanda e sua filiação posterior à
Igreja Universal do Reino de Deus. Como resposta, criou uma espécie de
mitologia fundada entre o bem e o mal e com força vital que se manifesta na
presença constante de formas fálicas e de vulvas.
Enquanto o xilogravurista Manuel
Messias dos Santos, nos anos 1960, integrou um grupo de artistas que teve a
violência da ditadura militar como influência na produção e, no final dos anos
1970, desenvolveu séries complexas marcadas pelo primor técnico e de estética
bem estabelecidas. A década de 90 representou um período crítico, quando chegou
a morar nas ruas do Rio de Janeiro com sua mãe.
Para Marcos e Rafael, “colocar
vivências tão extremas em contato, provoca a percepção da capacidade de
subversão que possuem, tanto por seu conteúdo estético e poético como pelo seu
poder e a força da criação como espaço de resistência emocional, espiritual e
prática”.
As duas exposições - desCOLONIZAR
CORpos e A Quem Traspassaram - buscam democratização
do acesso e do direito ao fazer artístico, como parte do Programa de Ocupação
dos Espaços da Caixa Cultural 2023-2024.
Serviço:
[Artes Visuais] desCOLONIZAR
CORpos e A Quem Traspassaram
Local: CAIXA Cultural
Brasília
Endereço: SBS Quadra 4 Lotes 3/4
A Quem Traspassaram - Galeria Vitrine - Visitação: até
28 de janeiro de 2024. Classificação: a partir de 14 anos
desCOLONIZAR CORpos - Galerias Piccola I e II - Visitação: até
17 de dezembro de 2023. Classificação: livre para todos os
públicos
Horário: das 9h às 21h, de terça-feira a domingo
Bilheteria: entrada franca
Acesso para pessoas com
deficiência
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal
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