CCBB traz a Brasília o espetáculo teatral - Um Jardim para Tchekhov
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| Foto: Guto Muniz |
Protagonizada
por Maria
Padilha em
texto original de Pedro
Brício e
direção de Georgette
Fadel, a peça
mistura Brasil e Rússia em uma trama que discute, com bastante humor, os tempos
de intolerância vividos no país Integram ainda o elenco Leonardo Medeiros, Erom
Cordeiro, Olivia Torres e Iohanna Carvalho
Paisagens dramáticas, personagens tomados por questões existenciais e reflexões profundas costumam figurar no imaginário quando se fala em autores russos. Mas esse estereótipo diz pouco sobre o espetáculo, que conta com o patrocínio do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e estreia dia 9 de janeiro no Centro Cultural Banco do Brasil Brasília.
Sinopse
Transitando entre a comédia, o
lirismo e o drama, o texto inédito de “Um Jardim para Tchekhov”, assinado por
Pedro Brício, narra a história de uma consagrada atriz de teatro, Alma Duran,
vivida por Maria Padilha, que vai morar com sua filha, a médica Isadora (Olivia
Torres), e seu genro Otto, um delegado de polícia (Erom Cordeiro), em um
condomínio em Botafogo, no Rio de Janeiro. Brício está indicado ao Prêmio Shell
de Teatro 2024, pela dramaturgia da obra. O resultado será anunciado em março
de 2025.
Desempregada há três anos, ela
começa a dar aulas de teatro para a estudante Lalá (Iohanna Carvalho),
enquanto sonha em montar "O Jardim das Cerejeiras". Ao enfrentar
dificuldades para realizar o espetáculo, ela conhece um desconhecido no
playground do prédio, que afirma ser Anton Tchekhov (Leonardo Medeiros), que
passa a ajudá-la.
A Dramaturgia
Os limites entre realidade e
ficção, comédia e drama, passado e presente, Brasil e Rússia, vão se
misturando, numa trama que discute - com bastante humor - os tempos de
intolerância vividos no país. Embora o espetáculo evoque o autor russo, o texto
não é inspirado nele, conta Pedro Brício. “O tom tchekhoviano está
na dualidade de emoções, nas tensões sociais, na aridez da violência, na
intolerância. Por outro lado, há o afeto, a beleza, situações patéticas,
risadas. É uma mistura de sentimentos, é sobre rir das nossas dores”.
Por mais que a Alma Duran esteja
passando por uma situação difícil, lidando com o fracasso, com a falta de
dinheiro, não perde a capacidade de sonhar, de inventar um futuro. Ela planta
cerejeiras em um jardim abandonado do condomínio, em pleno Rio de Janeiro. São
esses elementos que trazem para perto do público o que, aparentemente, estaria
distante no tempo e no espaço, como a obra de um autor russo que viveu entre o
século XIX e o XX.
A diretora da peça, Georgette
Fadel, conta que “o autor é geralmente lido do ponto de vista psicológico, das
relações sociais, mas ele tem uma vertente de humor muito importante, a qual a
equipe escolheu ressaltar. ‘O Jardim das Cerejeiras’, por exemplo, é uma
comédia, mas ficou conhecida na montagem do diretor russo Constantin
Stanislavski, que insistiu em encená-la como um drama, o que conferiu a ela
essa pecha”.
Vida em movimento
“Um Jardim para Tchekhov”, conta a diretora, também chama atenção para a impermanência da vida. “O transitório está presente em diversas camadas do espetáculo, desde o texto à cenografia – com vários elementos que mudam de lugar nas cenas, que balançam. Temos bonecos ‘João Bobo’ representando personagens. O vento é um integrante da peça. O tempo todo está ventando, o que traz uma sensação de movimento, mostra que estamos vivos”.
Como uma crônica cotidiana, a peça tem muito do “mundo real”, transitando entre a tensão e o riso, trazendo questões sociais, raciais, violência, meio ambiente. “Vivemos, junto com os personagens, seus momentos de desprazer, de alegrias. Embarcamos em suas fantasias e também em seus medos. Mas a leveza de sonhar se sobrepõe, a peça é sobre essa liberdade de sonhar. Não no sentido ingênuo, e sim no sentido de não levar tudo tão a sério. Há uma vibração positiva, um sopro de vida”.
Encontro com Tchekhov
Partiu da atriz Maria Padilha a ideia de fazer uma montagem envolvendo Anton Tchekhov. Seu primeiro trabalho com o autor russo foi em 1999, na peça “As Três Irmãs”, dirigida por Enrique Diaz. “Me apaixonei por sua obra, pelo ser humano que ele foi. Desde então sonhava em montar uma peça dele, mas é algo grandioso, com muitos personagens e ficaria inviável financeiramente. Convidei, então, o Pedro Brício, com quem havia trabalhado no monólogo ‘Diários do Abismo’, que fez uma brilhante adaptação das obras da escritora mineira Maura Lopes Cançado. Como grande dramaturgo que é, ele criou a história original que se transformou na peça ‘Um Jardim para Tchekhov’”.
“A Alma Duran é um verdadeiro presente”, a atriz sublinha. “Ela traz um sopro de vida, um sopro de arte. Chega para mudar as relações, tanto na sua família, como para a estudante de teatro Lala, que recebe aulas particulares da atriz. Alma simboliza a própria arte e o teatro como um lugar de respiro, de ar. Ela está entre o lírico e o humor, o drama e a comédia - algo que me dá muito prazer em representar como atriz”, revela Padilha.
Divas brasileiras
Maria Padilha conta que Alma Duran tem bastante de Tchekhov, “aquela coisa febril, de estar vivendo uma fantasia e, de repente, cair na realidade”. E, para além da inspiração no autor russo, as chamadas divas do teatro brasileiro têm um papel importante na construção da personagem. “Ela tem muito de Marília Pêra, que foi minha primeira diretora, da Fernanda Montenegro, da Nathália Timberg, da Renata Sorrah, por quem sou apaixonada, da Marieta Severo, da Camila Amado.
Admiro todas que vieram antes de mim, que construíram a história do teatro, como Cleyde Yáconis, Cacilda Becker, Dercy Gonçalves, Tônia Carreiro, Myriam Muniz. Quando falamos em artes cênicas no Brasil não tem como não lembrar da importância dessas divas que pavimentaram a estrada para nós estarmos aqui”, ressalta Padilha.
Pedro Brício, autor
Pedro Brício é autor, diretor e ator, e um dos
mais produtivos e premiados dramaturgos brasileiros dos últimos 20 anos.
Escreveu e dirigiu as peças “King Kong Fran” (em parceria com Rafa Azevedo), “O
Condomínio", "Me salve, musical!", "Trabalhos de amores quase
perdidos", "Cine-Teatro Limite", "A Incrível Confeitaria do
Sr. Pellica". Recebeu alguns dos principais prêmios do país pelo seu
trabalho, como Shell, Questão de Crítica, Contigo e APCA. Tem textos traduzidos
para o inglês, espanhol, alemão. Participou da Feira Internacional do Livro de
Frankfurt, da Semana de Dramaturgia Contemporânea, em Guadalajara, e da mostra
Una mirada al mundo, no Centro Dramatico Nacional, em Madri. Escreveu e dirigiu
os musicais "Icaro and the black stars" e "Show em Simonal".
Como diretor, além dos seus próprios textos, encenou peças de Samuel Beckett,
Edward Albee, Rafael Spregelburd, Patricia Melo e Hilda Hilst.
Georgette Fadel, diretora
Georgette Fadel é diretora e atriz de formação acadêmica. Durante os anos 90 se engaja e faz parte do florescimento de um forte movimento de grupos na cidade de São Paulo. Participa da fundação de companhias como Cia do Latão, Núcleo Bartolomeu de depoimentos e Cia São Jorge de Variedades, onde dirigiu e atuou em diversos espetáculos marcantes do movimento estético da virada do século como "O nome do Sujeito", "Bartolomeu que será que nele deu", "Biedermann e os incendiários," "Bastianas", "Barafonda", "Quem não sabe mais quem é, o que é onde está , precisa se mexer". Como atriz foi dirigida por Cristiane Paoli Quito, Tiche Viana, Francisco Medeiros, Cibele Forjaz, Frank Castorf, Felipe Hirsch, Daniela Thomas. Como professora, lecionou em escolas como ELT, EAD Estúdio Nova Dança. Sua trajetória é profundamente ligada à construção da performer livre e consciente dos movimentos do seu tempo.
Acessibilidade
A ação “Vem pro CCBB” conta com uma van que leva
o público, gratuitamente, para o CCBB Brasília. A iniciativa reforça o
compromisso com a democratização do acesso e a experiência cultural dos
visitantes. A van fica estacionada próxima ao ponto de ônibus da Biblioteca
Nacional. O acesso é gratuito, mediante retirada de ingresso, no site, na
bilheteria do CCBB ou ainda pelo QR Code da van. Lembrando que o ingresso
garante o lugar na van, que está sujeita à lotação, mas a ausência de ingresso
não impede sua utilização. Uma pesquisa de satisfação do usuário pode ser
respondida pelo QR Code que consta do vídeo de divulgação exibido no interior
do veículo.
Horários da van:
Biblioteca Nacional – CCBB:
12h, 14h, 16h, 18h e 20h
CCBB – Biblioteca Nacional: 13h, 15h, 17h, 19h e 21h
O CCBB Brasília
O Centro Cultural Banco do Brasil Brasília foi
inaugurado em 12 de outubro de 2000, e está sediado no Edifício Tancredo Neves,
uma obra arquitetônica de Oscar Niemeyer, e tem o objetivo de reunir, em um só
lugar, todas as formas de arte e criatividade possíveis. Com projeto
paisagístico assinado por Alda Rabello Cunha, o CCBB Brasília dispõe de amplos
espaços de convivência, bistrô, galerias de artes, sala de cinema, teatro,
praça central e jardins, onde são realizados exposições, shows musicais,
espetáculos, exibições de filmes e performances. Além disso, oferece o Programa
Educativo CCBB Brasília, programa contínuo de arte-educação patrocinado pelo
Banco do Brasil que desenvolve ações educativas e culturais para aproximar o
visitante da programação em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB),
acolhendo o público espontâneo e, especialmente, milhares de estudantes de
escolas públicas e particulares, universitários e instituições, ao longo do
ano, por meio de visitas mediadas agendadas, além de oferecer atividades de
arte e educação aos fins de semana. Desde o final de 2022, o CCBB Brasília se
tornou o terceiro prédio do Banco do Brasil a receber a certificação ISO 14001,
sendo que, no ano de 2023, obtivemos a renovação anual da certificação, como reconhecimento
do compromisso com a gestão ambiental e a sustentabilidade. A conquista atendeu
à Ação 24 da Agenda 30 BB, cujo objetivo é reforçar a gestão dos programas,
iniciativas e práticas ambientais e de ecoeficiência do BB e demonstra o
alinhamento do CCBB Brasília à estratégia corporativa do BB, enquanto espaço de
difusão cultural que valoriza a diversidade, a acessibilidade, a inclusão e a
sustentabilidade, porque transformar vidas é parte da nossa cultura.
Serviço:
Um Jardim para Tchekhov
Local: Teatro do Centro
Cultural Banco do Brasil Brasília
Endereço: SCES Trecho 02 Lote 22 – Edif. Presidente Tancredo Neves
– Setor de Clubes Especial Sul
Temporada: de 9 de janeiro a 2 de fevereiro de 2025
Dias e horários: quinta a sábado, às19h30, e domingo, às 17h
Acessibilidade: todas as sessões de sábado contarão com tradução em
Libras
Bate-papo: dia 18 de janeiro (sábado), após a sessão
Palestra: “O processo de criação das personagens”, com o elenco,
dia 1ª de fevereiro (quinta-feira), a partir das 17h
Ingresso: R$ 30 (inteira), e R$ 15 (meia para estudantes,
professores, profissionais da saúde, pessoa com deficiência e acompanhante,
quando indispensável para locomoção, adultos maiores de 60 anos e clientes
Ourocard), à venda no site www.bb.com.br/cultura e na bilheteria
física do CCBB Brasília, a partir das 12h de 3 de janeiro. A liberação dos
ingressos ocorrerá toda sexta feira da semana anterior
Capacidade do teatro: 327 lugares (sendo 7 espaços para cadeirantes e 3
assentos para pessoas obesas)
Duração: 110 minutos
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos
Informações: fone: (61) 3108-7600 | e-mail: ccbbdf@bb.com.br |
site/ bb.com.br/cultura |
Instagram/ @ccbbbrasilia | Tiktok/@ccbbcultura
| YouTube/ Bancodobrasil
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