COM EMBARGO PARA AS 0h01 DA QUARTA 29/05
![]() |
| Foto: Divulgação |
Estudo inédito revela desafios das ONGs
LGBTQIA+ no Brasil
Pesquisa encomendada pela Abong, Antra e
ABGLT ouviu quase 90
organizações das cinco regiões do País e
será lançada nesta quarta-feira em
São Paulo
O Projeto Pajubá – iniciativa da Abong (Organizações Brasileira de ONGs),
em
parceria com a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e a
ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis,
Transexuais e Intersexos) – realizou uma pesquisa inédita retratando a
situação das ONGs LGBTQIA+, de Norte a Sul do País. O estudo ouviu quase
90 organizações da sociedade civil, trazendo dados qualitativos de cada
região,
além de depoimentos sobre os desafios enfrentados por essas lideranças na
promoção da igualdade e defesa dos direitos LGBTQIA+.
Os resultados expõem a vitalidade do ativismo dessas organizações, mas
também alertam sobre a falta de apoio financeiro para sua atuação, o que
gera
insegurança sobre a continuidade das atividades e a capacidade de
expandir o
alcance e o impacto de suas missões. "Muitas vezes, as
iniciativas são feitas
por conta própria, com autofinanciamento e sacrifício da saúde mental e
dos
recursos das próprias militantes," diz a pesquisa, cuja coordenação
é assinada
por Renan Quinalha, homem, gay, escritor, advogado e professor de Direito
da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde também coordena o
Núcleo TransUnifesp.
Além da dificuldade de obter recursos no curto prazo, as organizações também
precisam lidar com a ausência de um planejamento financeiro sustentável
no
longo prazo, já que a maioria não dispõe de profissionais para captação
de
recursos, experiência para concorrer a editais nem mantém a governança
exigida pelos editais públicos. A atuação informal e a dependência
constante
do engajamento voluntário agravam esse cenário.
O estudo destaca ainda a necessidade urgente de formação de quadros e
renovação de lideranças, devido à descontinuidade geracional entre o
ativismo
tradicional e os novos coletivos. É preciso integrar a inovação trazida
pelos
novos membros com a memória e o aprendizado das lutas passadas.
Segundo as ONGs entrevistadas, mesmo dentro de um mesmo estado,
existem desigualdades interregionais e intrarregionais. Cidades mais
urbanizadas têm maior acesso a recursos e políticas públicas, enquanto
contextos interioranos lutam para se fazer ouvir.
Outra complexidade revelada pelo diagnóstico está nas diferentes
realidades
entre organizações formadas por pessoas LGBTQIA+ negras, indígenas, PCDs
e trans. Coletivos com mulheres negras, lésbicas, bi e transexuais tendem
a
receber menos visibilidade e apoio do que ONGs cujos integrantes são
homens, gays, bi, transexuais brancos.
Um dos pontos abordados pelo Projeto Pajubá nas entrevistas foi o impacto
da
COVID-19 na comunidade LGBTQIA+. Ainda que muitas instituições tenham
sofrido com os processos para financiamento das ações naquele momento,
elas aprenderam com a pandemia uma nova forma de articulação por meio
virtual. As conexões usando plataformas digitais permitiram troca de
experiências entre as lideranças de diferentes localidades, como prova de
resiliência das entidades.
Esses resultados serão apresentados no próximo dia 29 de maio, no SESC 24
de maio, na região central de São Paulo (SP), a partir das 16h. Na
ocasião, o
professor Renan Quinalha, doutor em Direito e coordenador do Núcleo Trans
da Universidade Federal de São Paulo fará uma análise desses cenários. O
evento também terá um debate com representantes da sociedade civil,
governo
e lideranças políticas sobre a importância das organizações LGBTQIA+.
O “Projeto Pajubá - Transformando a Gramática Política” tem o objetivo de
fortalecer instituições e coletivos LGBTQIA+ através de várias etapas.
Além da
realização desta pesquisa detalhada, nos próximos meses o projeto
apresentará o “Dossiê dos Assassinatos e da Violência Contra Pessoas
Trans
Brasileiras” em parceria com a ANTRA. O projeto também disponibilizará
gratuitamente assessoria jurídica, acompanhamento financeiro,
consultoria,
produção de cartilhas pedagógicas e um ciclo de atividades de formação
para
as organizações LGBTQIA+, com canais de atendimento diretos.
SOBRE
Abong (Organizações Brasileira de ONGs) - Fundada em 1991, é uma
plataforma de atuação nacional que reúne organizações da sociedade civil
na
luta contra todas as formas de discriminação, de desigualdades, pela
construção de modos sustentáveis de vida e pela radicalização da
democracia.
Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) - Fundada em 1992,
é uma rede que articula 127 instituições em todo o Brasil, promovendo a
cidadania de travestis e transexuais. Sua missão é empoderar e organizar
essa
população para representar seus direitos e buscar a cidadania plena.
Também
atua para garantir acesso a serviços como saúde, educação e emprego. Além
disso, a organização desenvolve pesquisas sobre a realidade da população
trans no Brasil, contribuindo para a formulação de políticas eficazes.
ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis,
Transexuais e Intersexos) - Fundada em 1995, a organização tem como
objetivo promover ações que garantam a cidadania e os direitos humanos de
LGBTs, contribuindo para a construção de uma sociedade democrática, na
qual
nenhuma pessoa seja submetida a quaisquer formas de discriminação,
coerção
e violência, em razão de suas orientações sexuais e identidades de
gênero.

Comentários
Postar um comentário