A ESSÊNCIA DE ATHOS BULCÃO EM MOSTRA QUE CELEBRA O SÉCULO DE NASCIMENTO DO ARTISTA

Foto: Divulgação
O ponto de partida dessa grande exposição itinerante é Brasília, cidade que contém em seu DNA a maior expressão da inventividade poética do homenageado

Athos Bulcão está na brasilidade das cores, nos traços inconfundíveis dos desenhos, na personalidade das pinturas, na lógica imprevista das fotomontagens, na força dos cenários e figurinos, na relação univitelina entre arte e arquitetura, no sagrado e no profano, na explosão da azulejaria brasileira. Com curadoria de Marília Panitz e André Severo, a exposição “100 anos de Athos Bulcão”, realizada pela Fundação Athos Bulcão e produzida pela 4 Art, irá percorrer as unidades do CCBB Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, a partir de 16 de janeiro de 2018.
Ela Fala Dos Bastidores retornou com tudo e não poderia deixar de divulgar essa exposição incrível. Com a intenção de propor um profundo mapeamento e imersão na diversidade dos trabalhos e técnicas do artista, a mostra oferece ao espectador a possibilidade de conhecer o processo de sua produção. Que inclui a exibição de obras inéditas, mais de 300 trabalhos de Athos Bulcão, grande parte do acervo da Fundação, apresentarão ao público um amplo panorama de sua criação entre os anos 1940 e 2005, que contextualiza sua obra e seu pensamento. Além disso também serão apresentados trabalhos de artistas que, de uma maneira mais direta – que convive com ele, no ateliê e nos chás – ou indireta – artistas mais jovens, muitos nascidos em Brasília, que reconhecem a influência do mestre pelo convívio cotidiano com suas obras públicas.
Foto: EDGARD CESAR

Já estou animadíssima e vocês?
Dividida em núcleos, “100 anos de Athos Bulcão” vai além da arte da azulejaria: destaca também a pintura figurativa do artista realizada nos anos 1940 e 1950, antes de Brasília. – A série dos carnavais e sua relação com a pintura sacra é extraordinária – afirma Marília Panitz, ao destacar que Athos Bulcão utilizou uma mesma estrutura composicional para trabalhos sacros e profanos, citando como exemplo A Vida de Nossa Senhora, que está na Catedral de Brasília. A mostra contém ainda os croquis que Athos Bulcão fez para o grupo de teatro O Tablado, do Rio de Janeiro, os figurinos das óperas Amahl e Os Visitantes da Noite de Menotti, paramentos litúrgicos modernistas, grande acervo de seu trabalho gráfico e até os lenços que desenhou quando estava em Paris.
Foto: EDGARD CESAR Panteão da Pátria Tancredo Neves Pça 3 Poderes Brasília Relevo em madeira laqueada ARQ. 

Outro aspecto da exposição é a interatividade, desenvolvida a partir do caráter urbano e democrático da obra pública de Athos Bulcão inserida nas cidades. Através de um aplicativo criado especialmente para a mostra, o público será convidado a interagir e apropriar-se de projetos. Como num jogo, os azulejos de Athos Bulcão poderão ser “colocados” em qualquer espaço como, por exemplo, a casa do “jogador”. A realização de mesas-redondas com os curadores e convidados especiais que irão dialogar com os visitantes sobre a vida e obra de Athos Bulcão completam a programação. A primeira delas acontece no dia 17 de dezembro às 10h com a presença dos curadores, Marília Panitz e André Severo, Valéria Cabral, secretária executiva da Fundação Athos Bulcão, além de vários artistas da cena brasiliense.
A EXPOSIÇÃO
– Combinando o viés cronológico com uma aproximação temática, “100 anos de Athos Bulcão” aposta nos vínculos, mais ou menos evidentes, entre diferentes momentos da trajetória do artista e se estrutura a partir de núcleos de obras e estudos que se interpenetram e deixam evidente a diversidade conceitual e material que permeia toda a obra de Athos Bulcão – afirma André Severo.
Ao longo de toda a mostra podemos ver a reprodução em escala de alguns dos relevos acústicos que foram desenvolvidos pelo artista, assim como algumas divisórias utilizadas em diversos prédios públicos, cuja originalidade e funcionalidade são marca do trabalho, sem precedentes, de integração entre arte e arquitetura proposto por Athos Bulcão.
No espaço externo (marquise e jardins), três cubos, com faces verticais revestidas com doze padrões de azulejos realizados em construções espalhadas por diversas cidades do Brasil e do mundo, como, embaixadas, prédios públicos etc. A cobertura em uma dimensão generosa e realizada com o material real possibilita ao público a experiência do corpo a corpo com os painéis e também propicia a aventura de documentar as viagens imaginárias pelos diversos locais onde estão seus trabalhos, com um só click.
Athos Bucão - S_T - série Vida de N Senhora - acervo Catedral de Brasilia -  Foto: Vicente de Mello 

Para além da cronologia, e exposição contextualiza a trajetória de Athos Bulcão, a conexão entre suas obras e um adensamento em sua poética. Será possível visualizar seu caminho no Brasil e exterior, desde sua inspiração inicial pela azulejaria portuguesa, seu aprendizado sobre utilização das cores, quando foi assistente de Portinari, até as duradouras e geniais parcerias com Niemeyer e João Filgueiras Lima, o Lelé. – Para nós, que divulgamos e preservamos seu legado, é sempre uma alegria homenagear o talento desse homem discreto, preocupado especialmente em harmonizar e compor o trabalho do arquiteto na integração de sua arte, mas que também se engrandece quando envolvido em telas, tintas e pincéis, produzindo um dos mais destacados repertórios da arte brasileira – afirma Valéria Cabral, secretária executiva da Fundação Athos Bulcão.
Essa homenagem a Athos Bulcão quer resgatar o valor individual dessa arte única que foi produzida no Brasil, sua importância no panorama da visualidade moderna, além da valorização, do reconhecimento para a manutenção da memória nacional. 
Mais informações: (61) 9 95502192 – Manu Santos.
O quê: 100 anos de Athos Bulcão;
Quando: Visitação de 16 de janeiro a 01 de abril de 2018. Mesa Redonda - 17 de janeiro às 10h.
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil Brasília. SCES, Trecho 02, lote 22. Brasília (DF) – (61) 3108-7600;
Entrada franca | Livre para todas as idades.
Fundação Athos bulcão - livro acervo 5

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