Lázaro Barbosa: na véspera de ser morto, disse que daria 'tiro na cara' dos policiais
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| Foto: Foto: Gabriela Biló |
Lázaro disse que 'daria tiro na cara' dos
policiais que entrassem na mata para procurá-lo
Um
dia antes de ser morto pela polícia, Lázaro Barbosa, acusado de matar quatro
pessoas de uma mesma família em Ceilândia (DF), disse que daria "tiro na
cara dos policiais" caso eles tentassem persegui-lo durante a fuga na
mata. A afirmação foi feita pelo secretário da Segurança Pública de Goiás,
Rodney Miranda, em entrevista coletiva à imprensa nesta segunda-feira (28/06).
Lázaro Barbosa, foragido havia 20 dias, foi morto a tiros
na manhã na segunda (28) pela força-tarefa que atuava para encontrá-lo. A
operação envolveu 270 policiais, entre civis, militares e federais, além do
auxílio de cães farejadores e aeronaves.
Ao longo dos vários dias de
fuga, Barbosa passou por várias chácaras na região, fez reféns e baleou
pessoas, segundo a polícia. O secretário da Segurança de Goiás, Rodney Miranda
afirmou que, um dia antes de ser morto, Lázaro foi até a casa da ex-sogra e da
ex-mulher, em um bairro na periferia de Águas Lindas, em Goiás."Ele foi
até lá para encontrar com elas. Estávamos monitorando, logicamente. Tentamos já
pegá-lo ali mesmo. Ele chegou a ameaçar alguns policiais dizendo que se
entrassem na mata atrás dele, ele daria tiro na cara", afirmou.
O secretário disse que os
policiais continuaram o cerco a Lázaro e se aproximaram de maneira prudente e
técnica quando o encontraram nesta segunda.
"Depois que prendemos uma
parte das pessoas que estavam acobertando ele, o Lázaro saiu da zona de
conforto e nós apertamos o cerco. Temos filmagens que vamos mostrar de que ele
estava armado. Ele foi para o mato e fizemos o cerco. Ele tentou fugir e do
cerco e confrontou a equipe do Major Edson. Na hora da abordagem, ele
descarregou a pistola em cima dos policiais e não tivemos outra alternativa se
não revidar. Um trabalho coletivo que terminou sem nenhum policial ferido",
afirmou o secretário.
Além de uma pistola, a polícia disse que Lázaro carregava
R$ 4.400 no bolso. Segundo o secretário da Segurança, o fugitivo foi socorrido com
vida após ser baleado, mas morreu no hospital.
Na tarde do dia 15 de junho,
policiais se aproximaram de uma chácara onde Lázaro fazia três pessoas reféns
em Edilândia, segundo os investigadores. Houve troca de tiros e um policial foi
atingido de raspão.
A família foi resgatada em
segurança e o policial foi levado de helicóptero a um hospital em Anápolis. Ele
foi liberado e passa bem.
As buscas por Lázaro se
iniciaram após a morte de quatro membros da mesma família. Cláudio Vital, de 48
anos, e os filhos dele Gustavo, 21, e Carlos Eduardo, 15, foram encontrados com
marcas de tiros e facadas em sua casa, segundo a polícia.
A mãe dos jovens, Cleonice
Marques de Andrade, de 43 anos, foi achada morta três dias depois em um
córrego. Segundo os policiais, Barbosa a sequestrou e a matou com um tiro na
cabeça.
Espetacularização da fuga
Logo após a morte de Lázaro,
dezenas de fotos e vídeos do homem morto passaram a circular nas redes sociais.
Em algumas, é possível ver diversas marcas de disparos pelo corpo do homem.
Em entrevista à BBC News
Brasil, a criminóloga Ilana Casoy disse que os brasileiros acompanharam a fuga
de Lázaro como se fosse um reality show.
"A gente acompanha o
noticiário como quem acompanha o Big Brother. O 'maníaco do parque' ficou 23
dias foragido após estuprar e matar uma série de mulheres. A gente acompanha
esses casos porque sente ansiedade, preocupação e medo."
Para o professor de jornalismo da Universidade de São Paulo (USP) Eugênio Bucci, a fuga de Lázaro é uma "cobertura inescapável e necessária da imprensa''.
"É uma cobertura que precisa ser feita. Podemos discutir como deve ser feita em cada veículo, mas existe uma comunidade que está passando muito medo e está mobilizada. Há uma operação policial de proporções enormes que também precisa ser noticiada", afirma em entrevista à BBC News Brasil.Investigação e novas prisões
Miranda definiu a ação policial
desta segunda como uma "missão cumprida".
"Como nós havíamos nos
comprometido, hoje restabelecemos a paz e a tranquilidade nessa comunidade de
bem", afirmou.
No entanto, ele disse que o
caso ainda não está encerrado e que mais pessoas devem ser presas ao longo da investigação.
Ao ser questionado se a polícia
identificou pessoas que teriam ajudado Lázaro a fugir, o secretário da
Segurança de Goiás afirmou que as investigações ainda não terminaram e que
ainda há pessoas para investigar e prender.
"Mas o principal, que
seria o empresário e que é um dos líderes da organização, o Psicopata, já não é
mais um problema para a comunidade. Hoje encerramos mais uma etapa, uma etapa
importantíssima. Agora, sai a força intensiva e fica o trabalho investigativo
até a gente chegar ao último envolvido nesses crimes", afirmou.
Miranda disse que ainda não
sabe qual era a atuação de Lázaro na região nem porque uma rede de pessoas agia
para protegê-lo e facilitar a fuga. Mas tem algumas linhas de investigação.
"Não se sabe que organização
era essa. Se ele (Lázaro) atuava como jagunço de algumas pessoas, segurança de
algumas pessoas", afirmou.
O secretário afirmou que o fato
de Lázaro ter R$ 4.400 em espécie é mais um indício de que havia gente o
protegendo e atuando para dificultar o trabalho da polícia.
Fonte: BBC News Brasil em São Paulo

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