Documentário revela novo olhar sobre Brasília a partir dos passos de um migrante

Cartas de Brasília. Foto: Humberto Araujo
 Em Cartas de Brasília, a diretora Larissa Leite buscou, na história familiar, recursos para abordar as relações afetivas com a capital; estreia será nos 60 anos de Brasília

Foram muitas as mãos que colocaram de pé a nova capital do Brasil, inaugurada há seis décadas. E são outras tantas as mãos que escreveram e continuam a contar a história de Brasília. Depois de construída, a cidade-monumento era um convite àqueles que compartilhavam do mesmo chamado: o recomeço. A peculiar identidade da capital, tramada pela diversidade da população que nela se instalou, está ligada a quem acreditou no sonho e decidiu apostar junto, fincando novas raízes no Planalto Central.
É o caso dos 12 irmãos da família Alcântara. Ao longo de 20 anos, a partir de 1968, eles saíram do interior do Maranhão para viver o tal sonho na capital do país, que prometia mais oportunidades de emprego e estudo. Um puxando o outro, vieram todos - e aqui todos ainda permanecem. A história da migração e instalação dessa família, que se confunde com a de tantas outras que escolheram essa novidade de cidade, é contada no documentário Cartas de Brasília, com lançamento marcado para o segundo semestre deste ano.
Já em fase de montagem, o filme de estreia da diretora brasiliense Larissa Leite percorre locais da cidade - alguns clássicos, outros nem tanto - que se relacionam com a história afetiva da família Alcântara. Assim, cenários da capital são ressignificados pelo olhar de quem teve que desbravá-los quando ainda não havia referências. Elas estavam sendo criadas por eles mesmos, a primeira geração de moradores da capital. "Eu sou brasiliense graças a essas pessoas. Em uma oportunidade, as questionei sobre o que vieram buscar e o que de fato encontraram nessa cidade, assim como as trilhas que tiveram que percorrer. O filme fala dessa busca por um espaço e por uma história que seja também um legado”, afirma Larissa Leite.
Cartas de Brasília. Foto: Humberto Araujo 
A diretora é filha de Eliézer Alcântara Lima, um dos 12 irmãos retratados no curta-metragem. Com todos os irmãos ao seu lado - na vida e no elenco do filme -, Eliézer tem a trajetória destacada em Cartas de Brasília. É a partir das memórias dele, o sexto irmão a nascer e o terceiro a chegar em Brasília, que a história familiar é contada. Além disso, o filme também conta com alguns trechos narrados por Larissa. "É como se, ao observar essa história de forma privilegiada, eu pudesse propor um diálogo de gerações. Eu nasci dessa história, faço parte da primeira geração de brasilienses. Mais do que o registro de uma trajetória particular, o filme representa certa gratidão àqueles que nos abriram os caminhos. Ao mesmo tempo, é meu presente à cidade, que chega aos 60 anos com vida própria”, comenta a diretora.
Ficha técnica: 


Direção e roteiro: Larissa Leite
Assistência de Direção: Gustavo Dourado
Direção de Fotografia: Marcelo Veras
1o Assistente de Câmera: Sérgio Paiva
Direção de Arte: Nadine Diel
Técnico de Som: André Ribeiro
Maquinista e Eletricista: João Bala 
Maquiadora: Lanusa Pereira
Direção de Produção: Doriel Francisco
Montagem: Alex Vidigal
Finalização de áudio: Maurício Fonteles
Finalização de cor: Lucas Gesser 
Trilha Sonora: Sascha Kratzer
Produção-executiva: Juana Miranda

Elenco (irmãos da família Alcântara, por ordem de chegada em Brasília - indicado no ano):
Eliésio Alcântara Lima (1968)
Edésio Alcântara Lima (1971)
Eliézer Alcântara Lima (1974)
Ernandes Alcântara Lima (1977)
Enedino Alcântara Lima (1978)
Evandro Alcântara Lima (1978)
Elidônio Alcântara Lima (1979)
Elzuíla Alcântara Lima da Ribeira (1979)
Eronides Alcântara Lima Almeida (1979)
Elzeni Alcântara Lima (1980)
Evilésio Alcântara Lima (1986)
Elzi Alcântara Lima Moraes (1988)

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